Nessa Coleção, manifesto minha busca por um traço de caráter próprio e original que nasce de um grande caldeirão de referências estéticas, funcionais e culturais. Dessa grande mistura de inspirações, faço uma verdadeira antropofagia numa mescla que resulta na minha identidade, brasileira e ultra contemporânea.
Além de propor a proteção e valorização de nossa cultura original, uma vez que no mundo atual cada vez mais globalizado e conectado, percebe-se uma tendência de supressão de culturas tradicionais locais em favorecimento de determinadas culturas, como é o caso do “Halloween”, de origem estrangeira, que vem cada vez mais sendo introduzido no nosso calendário como uma data festiva enquanto tradições populares originalmente brasileiras são esquecidas e deixadas de lado.
A Coleção é inicialmente composta de 4 peças e foi apresentada de forma inédita na edição 2024 da Mercado Arte Design em São Paulo. O evento aconteceu entre os dias 26 e 30 de Junho na Arena Pacaembu junto à feira ARPA de artes plásticas.
A peça é toda feita em madeira maciça com encaixes tradicionais de marcenaria garantindo robustez e durabilidade nas espécies redescobertas Peroba do Campo e Pinho de Riga. Os pés são em aço carbono com pintura eletrostática e podem ser feitos em diferentes cores sob encomenda. Detalhes dos parafusos e assinatura em latão maciço desenhados sob medida.
Vitória Régia
Conta a lenda que uma bela índia chamada Naiá apaixonou-se por Jaci, a Lua, que brilhava no céu a iluminar as noites. Nos contos dos pajés e caciques, Jaci de quando em quando descia à Terra para buscar alguma virgem e transformá-la em estrela do céu para lhe fazer companhia. Naiá, ouvindo aquilo, quis também virar estrela para brilhar ao lado de Jaci. Durante o dia, bravos guerreiros tentavam cortejar Naiá, mas era tudo em vão, pois ela recusava todos os convites de casamento. E mal podia esperar a noite chegar, quando saía para admirar Jaci, que parecia ignorar a pobre Naiá.
Mas ela esperava sua subida e sua descida no horizonte e, já quase de manhãzinha, saía correndo em sentido oposto ao Sol para tentar alcançar a Lua. Corria e corria até cair de cansaço no meio da mata. Noite após noite, a tentativa de Naiá se repetia. Até que ela adoeceu. De tanto ser ignorada por Jaci, a moça começou a definhar. Mesmo doente, não havia uma noite que não fugisse para ir em busca da Lua.
Numa dessas vezes, a índia caiu cansada à beira de um igarapé. Quando acordou, teve um susto e quase não acreditou: o reflexo da Lua nas águas claras do igarapé a fizeram exultar de felicidade! Finalmente ela estava ali, bem próxima de suas mãos. Naiá não teve dúvidas: mergulhou nas águas profundas e acabou se afogando. Jaci, vendo o sacrifício da índia, resolveu transformá-la numa estrela incomum. O destino de Naiá não estava no céu, mas nas águas, a refletir o clarão do luar.
Naiá virou a Vitória Régia, a grande flor amazônica das águas calmas, a estrela das águas, tão linda quanto as estrelas do céu e com um perfume inconfundível. E que só abre suas pétalas ao luar.