Coleção Folclore
O termo por si só refere-se à cultura de origem popular e é associado à identidade brasileira. Como inspiração para as criações foram levadas em consideração algumas das mais conhecidas lendas do folclore brasileiro, além de estarem presentes no imaginário do brasileiro há séculos, essas histórias ajudaram a moldar nossa literatura, culinária, dança, artes visuais, festas e comemorações, evidenciando a sua importância e relevância para a nossa sociedade de um modo geral.
Nessa Coleção, manifesto minha busca por um traço de caráter próprio e original que nasce de um grande caldeirão de referências estéticas, funcionais e culturais. Dessa grande mistura de inspirações, faço uma verdadeira antropofagia numa mescla que resulta na minha identidade, brasileira e ultra contemporânea.
Além de propor a proteção e valorização de nossa cultura original, uma vez que no mundo atual cada vez mais globalizado e conectado, percebe-se uma tendência de supressão de culturas tradicionais locais em favorecimento de determinadas culturas, como é o caso do “Halloween”, de origem estrangeira, que vem cada vez mais sendo introduzido no nosso calendário como uma data festiva enquanto tradições populares originalmente brasileiras são esquecidas e deixadas de lado.
Para além dos parâmetros conceituais, a grande novidade técnica e maior inovação dessa Coleção é o lançamento da nossa primeira luminária sem fio. Uma versão magnética e recarregável da nossa best seller luminária Wé, onde o posicionamento pode ser feito em qualquer superfície metálica de aço. Com uma autonomia de até 14 horas de duração contínua e carregamento total em até uma hora possui um dimmer com regulagem da intensidade de iluminação permitindo desde uma luz suave e difusa até uma luz forte e direta para leitura através de um LED de 6W 3000k que equivale a 60W de potência.
A Coleção é inicialmente composta de 4 peças e foi apresentada de forma inédita na edição 2024 da Mercado Arte Design em São Paulo. O evento aconteceu entre os dias 26 e 30 de Junho na Arena Pacaembu junto à feira ARPA de artes plásticas.
Curupira
O curupira é um ser da floresta e atua como seu guardião contra todos aqueles que procuram destruí-la. Suas características físicas são bastante conhecidas. A lenda diz que o curupira é pequeno, alguns chamam-no de “anão”, tem os cabelos vermelhos como fogo e seus pés são posicionados ao contrário, com os calcanhares para frente.
O curupira cumpre o papel de guardião das florestas e pune aqueles que vão fazer mal a elas. A lenda do curupira aterrorizava os indígenas, e os relatos realizados por cronistas portugueses de séculos passados demonstram isso. Os indígenas consideravam que cadáveres que fossem encontrados na floresta eram de pessoas que tinham sido alvo do curupira, porque ele poderia matar aqueles que a prejudicavam.
De toda maneira, para prevenir-se, os indígenas ofereciam presentes a esse protetor, tais como flechas, penas e outros tipos de artifícios produzidos por eles. Dois presentes que o agradavam muito, de acordo com a sua lenda, eram a cachaça e o fumo.
Curupira gosta de pregar peças nos caçadores que entram na floresta. Ele pode disfarçar-se de caça e, assim, atrair a atenção do caçador, que inicia uma perseguição à sua suposta presa e, então, perde-se no meio da floresta. Ele também pode atormentar os caçadores com um assovio ensurdecedor. As vítimas do curupira ficam atordoadas pelo som e por não saber de onde e quem está emitindo-o. Reza a lenda que, caso encontre o curupira na floresta, você pode escapar dele fazendo um nó em um pedaço de cipó. O curupira é protagonista de uma lenda surgida entre os povos indígenas, mas é impossível precisar quem a criou e quando surgiu. O que sabemos é que essa história é uma das mais antigas do nosso folclore. Para fins de comparação, a lenda do saci surgiu no final do século XVIII, enquanto a lenda do curupira já era conhecida dos portugueses no século XVI.
O primeiro a citá-la foi o padre jesuíta José de Anchieta, quando estabelecido em São Vicente, em 1560. Em seu relato, ele falou de um “certo demônio” que os indígenas chamavam de curupira e que castigava com frequência aqueles que entravam no mato, e alguns desses chegavam a ser mortos.
A herança indígena na lenda do curupira começa pelo próprio nome desse ser, já que o termo vem do tupi. A teoria mais aceita é a de que o termo significa corpo de menino, em referência ao fato do curupira ter corpo semelhante ao de uma criança.
Outros relatos sobre o curupira foram realizados por portugueses nos séculos XVI, XVII e XVIII, o que reforça o fato de que essa lenda era difundida de Norte a Sul do território brasileiro.
Existem lendas parecidas com a do curupira em outras culturas da América do Sul, e uma delas é a do chudiachaque, presente na cultura inca, e a do máguare, presente no folclore venezuelano. Existem folcloristas que afirmam que a lenda do curupira surgiu nos nauas, povo indígena do Norte do Brasil, e foi espalhando-se, até chegar aos tupis e aos guaranis.
Falando em guaranis, localizados na porção centro-meridional brasileira, bem como em países como a Bolívia e o Paraguai, é de conhecimento dos estudiosos que a lenda do curupira existe nesse último país, só que sendo conhecida com outro nome: curupi.
Em 1970, o governador de São Paulo Roberto Costa de Abreu Sodré instituiu, através de lei, o Curupira como símbolo estadual do guardião das florestas e dos animais que nelas vivem. Além disso, no Horto da capital paulista há um monumento do Curupira, inaugurado no Dia da Árvore, 21 de setembro.