Escultura Amina Os Últimos Nômades – Orí
Amina, também conhecida como Aminatu, foi uma grande guerreira da cavalaria hauçá e que, mais tarde, se tornou rainha de Zazau, uma província da atual Nigéria, conhecida depois como Zaria. Zazau foi uma das várias cidades-estado Hauçá que dominaram o comércio transaariano após o colapso do império Songhai a oeste. Sua riqueza provinha do comércio, especialmente de artigos de couro, tecidos, cola, sal, cavalos e metais. Amina reinou na primeira metade do século XV e, segundo a tradição, por cerca de três décadas. Foi a primeira liderança, na Hauçalândia a possuir eunucos e comerciar noz-de-cola em grande escala. Estendeu as fronteiras do reino submetendo os governantes locais a vassalos para permitir a passagem dos comerciantes hauçás. Com isso favoreceu o comércio tornando o reino ponto de convergência do comércio Norte-Sul do Saara e Leste-Oeste do Sudão. Ordenou, também, a construção de uma muralha defensiva em torno da cidade, uma característica comum dos estados hauçás e que ficaram conhecidos como “muros de Amina”.
Uma celebração à cultura africana em tempos que se vocifera e legitima a catástrofe e a aberração do racismo. É isso que o multifacetado artista, cenógrafo e figurinista carioca Luiz Marques apresenta em sua estréia com a coleção “Os Últimos Nômades – Ori”.
Seu trabalho traz à tona uma releitura da beleza ancestral africana, um olhar sobre nós mesmos, do racismo estruturado em nossa sociedade, da apropriação estética africana e como também observamos a nossa comunidade do ponto de vista político. A mulher e o homem, pretos, que carregam o papel descartado pela sociedade privilegiada, do consumo desenfreado, para manter sua subsistência. O ser humano, africano, por mais de 500 anos sendo tratado como pessoa de menor valor pelo estado e sociedade, sendo exposto ao mundo a partir da peculiaridade do material daquilo que subsiste. Os Últimos Nômades não é somente sobre a beleza, é a proposta do resgate da cultura, um ato político em meio a onda conservadora, racista e xenofóbica que assombra nossa democracia e país. É um alento ao assustador movimento de despolitização das conquistas da população afrodescendente. Esse artista, que tanto ao longo da sua carreira, celebrou as estéticas da cultura africana em seus trabalhos, ascendendo o orgulho desses povos, propõe hoje, a partir do seu olhar, uma reflexão sobre o que estamos aos poucos matando.
Técnica mista em papelão reciclado.
Base feita em concreto.
Tamanho (Largura x comprimento x altura): 26 x 26 x h55 cm