Escultura Makeda Os Últimos Nômades – Orí
Mencionada na Bíblia, no Torá, no Alcorão, na história da Etiópia e do Iémen, Makeda foi rainha de Sabá, o reino antigo mais poderoso da Arábia Feliz. A localização do reino pode ter incluído os atuais territórios da Etiópia e do Iémen. A rainha recebeu diferentes nomes ao longo do tempo. Para os etíopes é Makeda, para o rei Salomão era simplesmente a “rainha de Sabá”. Na tradição islâmica ela é Balkis. Flávio Josefo, historiador romano de origem judaica, a chamou de Nicaula. Uma antiga compilação de lendas etíopes, o Kebra Nagast ou “Glória dos Reis”, escrito há 700 anos, relata a história de Makeda e seus descendentes. Neste relato, o rei Salomão teria seduzido a rainha e tido com ela um filho Menelik que significa “filho do homem sábio” e se tornaria o primeiro imperador da Etiópia. Conta-se que Menelik, em visita a Salomão em Jerusalém, teria sido presenteado pelo pai com a Arca da Aliança que continha as tábuas dos Dez Mandamentos. A arca foi levada para o reino de Sabá onde ela se encontraria até hoje, guardada em uma igreja e inacessível às pessoas. Em 8 de maio de 2008, a Universidade de Hamburgo anunciou oficialmente que arqueólogos alemães, sob a direção do professor Helmut Ziegert, descobriram os restos do palácio da Rainha de Sabá, datados do século X a.C., em Axum (ou Aksum), uma cidade sagrada da Etiópia, sob um antigo palácio real.
Uma celebração à cultura africana em tempos que se vocifera e legitima a catástrofe e a aberração do racismo. É isso que o multifacetado artista, cenógrafo e figurinista carioca Luiz Marques apresenta em sua estréia com a coleção “Os Últimos Nômades – Ori”. Por sua religiosidade firmada por anos no Candomblé e imerso na cultura das festas afro-brasileiras, trabalhando ao lado de grandes nomes como Joãozinho Trinta, ele nos apresenta essa série de cabeças esculpidas a partir de papelão descartado, material esse muitas vezes fonte de trabalho da população marginalizada das nossas grandes cidades
Seu trabalho traz à tona uma releitura da beleza ancestral africana, um olhar sobre nós mesmos, do racismo estruturado em nossa sociedade,da apropriação estética africana e como também observamos a nossa comunidade do ponto de vista político. A mulher e o homem, pretos, que carregam o papel descartado pela sociedade privilegiada, do consumo desenfreado, para manter sua subsistência. O ser humano, africano, por mais de 500 anos sendo tratado como pessoa de menor valor pelo estado e sociedade, sendo exposto ao mundo a partir da peculiaridade do material daquilo que subsiste.
Os Últimos Nômades não é somente sobre a beleza, é a proposta do resgate da cultura, um ato político em meio a onda conservadora, racista e xenofóbica que assombra nossa democracia e país. É um alento ao assustador movimento de despolitização das conquistas da população afrodescendente. Esse artista, que tanto ao longo da sua carreira, celebrou as estéticas da cultura africana em seus trabalhos, ascendendo o orgulho desses povos, propõe hoje, a partir do seu olhar, uma reflexão sobre o que estamos aos poucos matando.
Técnica mista em papelão reciclado.
Base feita em concreto.
Tamanho (Largura x comprimento x altura): 26 x 26 x h55 cm